FARMACOTÉCNICA
1. INTRODUÇÃO

A parte da ciência farmacêutica que aborda a preparação de medicamentos, ou seja, a transformação de fármacos em medicamentos; estuda o preparo, a purificação, as possíveis incompatibilidades físicas e/ ou químicas entre eles, e a escolha da forma farmacêutica mais adequada para a sua administração, denomina-se FARMACOTÉCNICA.
MATÉRIA PRIMA, é toda substância de origem animal, vegetal ou mineral utilizada em um produto farmacêutico.
FÁRMACO OU PRINCÍPIO ATIVO, é toda substância com atividade farmacológica empregado na produção de um medicamento.
EXCIPIENTE, é toda substância empregada na produção farmacêutica, sem atividade medicamentosa, apenas características utilizadas para conseguirmos a forma farmacêutica desejada.
FORMA FARMACÊUTICA, é a forma de apresentação do medicamento. Pode ser comprimido, cápsula, pó, emulsão, pomada, creme, xarope, entre outros. A forma farmacêutica depende da via de administração que vamos empregar e também das características das matérias primas ou do princípio ativo empregado.
FORMULA, é a listagem de fármacos e excipientes, bem como suas quantidades, utilizadas para preparar um medicamento.
MEDICAMENTO, é qualquer preparação farmacêutica que contenha um ou mais fármacos, e que será utilizada no tratamento, prevenção ou diagnóstico de doenças e sintomas, ou para a correção de funções orgânicas, tanto nas pessoas como em outros seres vivos.
REMÉDIO, é todo e qualquer meio para tratar ou prevenir doenças. Portanto, não compreende apenas os medicamentos, mas também agentes de natureza física ou psíquica que se utilizam na terapêutica e nas terapias alternativas.
Algumas abreviaturas usadas em formulações farmacêuticas:
- aã - partes iguais;
- f.s.a. – faça segundo a arte ( ou seja, utilize seus conhecimentos farmacotécnicos)
- q.s.p. – quantidade suficiente para
- Rx - aviar a prescrição ou Receita-se
2. HISTÓRIA DA FARMÁCIA

Símbolo da Farmácia
Taça: Conteúdo encerra o poder curativo das drogas.
Serpente: Vigilância e Sabedoria. Adverte sobre a prudência da arte e da ciência farmacêutica.
MITOLOGIA GREGA
O símbolo da taça com a cobra, vem da deusa Higia, neta de Apolo (Deus da Medicina)
HISTÓRIA DA FARMÁCIA
Os chineses, desde 2.600 a.C. já preparavam remédios extraídos de plantas. O primeiro documento farmacêutico data de cerca de 2500 a.C. (Chin – Nong -1º Formulário)
Mil anos depois, os egípcios faziam o mesmo, utilizando também sais de chumbo, cobre e ungüentos feitos com a gordura de vários animais, como hipopótamo, crocodilo e cobra.
1000 a.C: Salomão descreveu plantas medicinais cultivadas nas planícies de Jericó
225 a.C: Fórmula de medicamento para dor, esculpida na porta do Templo de Esculápio em Roma
Na Índia, Roma e na Grécia, onde Hipócrates, ao sistematizar os grupos de medicamentos - narcóticos, febrífugos e purgantes - inaugurou uma nova era para a cura.
Hipócrates (Pai da Medicina – 460 a 377 a.C.)
Patologia geral → apepsia (desequilíbrio)
→ pepsis (febre, inflamação e pus)
→ crisis ou lysis (eliminação)

Galeno (Pai da Farmácia – 129 a 200 d.C.)
Combatia as doenças por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas das enfermidades.
É precursor da alopatia.

Claudio Galeno
Escreveu bastante sobre farmácia e medicamentos, e em suas obras se encontraram cerca de quatro centenas e meia de referências a fármacos.
Elaborou uma lista de remédios vegetais, conhecidos como "galênicos", a maioria dos quais era composta com vinho.
Observador e metódico classificou e usou magistralmente as ervas. Fazia preparações denominadas "teriagas" feitas com vinho e ervas.
No século II, os árabes fundaram a primeira escola de farmácia de que se tem notícia, criando inclusive uma legislação para o exercício da profissão.
A partir do século X, foram criadas as primeiras boticas - ou apotecas na Espanha e na França (em alemão apotheker=farmacêutico). Eram as precursoras das farmácias atuais.
1220 d.C: Frederico II (Imperador da Itália e Alemanha) divide as profissões de Medicina e Farmácia (Carta Magna da Farmácia)
Cabia aos boticários conhecer e curar as doenças, e para o exercício da profissão deviam cumprir uma série de requisitos e ter local e equipamentos adequados para a feitura e guarda dos remédios.
No século XVI, o estudo dos remédios ganhou impulso notável, com a pesquisa sistemática dos princípios ativos das plantas e dos minerais capazes de curar doenças.
Também foi constatada a existência de microorganismos úteis e nocivos.
Com o tempo, foi implantada no mundo a indústria farmacêutica e, com ela, novos medicamentos são criados e estudos realizados, em velocidade espantosa.
HISTÓRIA DA FARMÁCIA NO BRASIL
Governador Geral Thomé de Souza trouxe de Portugal o 1° Boticário ao Brasil, Diogo de Castro.
No Brasil colônia, medicamentos e outros produtos com fins terapêuticos podiam ser comprados em boticas.
O boticário em frente ao doente manipulava e produzia medicamentos, de acordo com a farmacopéia e a prescrição dos médicos.
Nos locais distantes os medicamentos eram vendidos por mascates.
O PAPEL DOS JESUÍTAS
Foram os primeiros a instituir enfermarias e boticas em seus colégios, tornando-se especialistas em preparo de remédios, principalmente os feitos à base de plantas medicinais.
Era nos colégios que a população encontrava os medicamentos, vindos de Portugal ou preparados pelos próprios jesuítas.
Em 1640, as boticas foram autorizadas a funcionar como comércio e se multiplicaram em toda a colônia.
Com o tempo, foram surgindo outros componentes de remédios, como mercúrio, arsênico e ópio.
Regimento de 1744 estabeleceu regras rígidas para o trabalho com medicamentos:
• Proibia a distribuição de drogas e medicamentos para estabelecimentos não habilitados;
• Multas e apreensões em caso de descumprimentos;
• Criação da figura de Responsável Técnico
• Exigia a existência de balanças, pesos e medidas, medicamentos galênicos, vasilhames, livros, etc.
CURSOS DE FARMÁCIA NO BRASIL
• 1808 - Vinda da família Real para o Brasil
• 1832 – Faculdade de Medicina na Bahia
• 1834 – Faculdade do Rio de Janeiro
• 1837 – Formados os 6 primeiros farmacêuticos brasileiros
• 1839 – Escola de Farmácia de Ouro Preto
• 1896 – Escola de Farmácia de Porto Alegre
• 1898 – Escola de Farmácia de São Paulo
Com a fundação das primeiras Faculdades de Farmácia (1839 - 1898), o boticário foi lentamente sendo substituído pelo Farmacêutico.
A botica, onde o boticário pesquisava e manipulava fórmulas extemporâneas, originou dois novos tipos de estabelecimentos:
■ Farmácia
■ Laboratório Industrial Farmacêutico (VOTTA, 1965; COELHO, 1980).
DECRETO 19.606/31
• Reconhece a competência para o farmacêutico exercer: Análises clínicas, químico bromatologista, biologista e legista;
• Controle de venda de substâncias causadoras de dependência, retenção de receita e guarda em armários;
• Obrigatoriedade da direção por farmacêutico nos laboratórios privativos de hospitais, casa de saúde, sanatórios, cooperativas e estabelecimentos religiosos.
■ Até a década de 30, a indústria nacional de medicamentos eram em sua maioria de reduzidas dimensões e tinham uma origem familiar (BARROS, 1995).
■ Baseava-se no emprego de matérias-primas de origem vegetal e mineral, apresentando condições adequadas ao suprimento do mercado existente, àquela época bastante reduzido (COELHO, 1980; BARROS, 1995).
■ Embora a produção de medicamentos satisfizesse o mercado, é imperioso ressaltar que isto se deve ao fato de que grande parte da população não tinha acesso aos serviços de saúde (BARROS, 1995).
A FARMÁCIA NO MUNDO
Algumas características da atividade farmacêutica em diversos países, para compararmos com o que temos no Brasil:
PORTUGAL
Desde 1521, D. Manuel instituiu o Regimento do Físico-Mor do Reino, em que somente os farmacêuticos (boticários) poderiam ser proprietários, após exame de conhecimento realizado por um júri, composto pelo Físico-Mor, físicos da corte e pelos boticários do rei e da rainha.
■ Ensino em 5 anos com possibilidade de habilitação em Farmácia Pública, Hospitalar, Industrial e Análises Clínicas;
■ Limitação do número de farmácias por distância;
FRANÇA
■ Rei Luís XV mandou chamar de farmacêutico em vez de boticário;
■ Farmácias funcionam com farmacêuticos durante todo o horário. Fecham nas férias;
■ São identificados por uma cruz verde, os remédios ficam atrás do balcão;
■ O farmacêutico é remunerado por uma margem fixa sobre o preço da venda. Os medicamentos são reembolsados pela seguridade.
■ Não há propriedade sem direção técnica;
■ No caso de falecimento do farmacêutico, os herdeiros podem ficar com a propriedade com no máximo 1 ano mas com farmacêutico.
ESPANHA
■ São bem tradicionalistas com laboratórios de manipulação;
■ Farmácia somente de farmacêuticos, em caso de falecimento os herdeiros permanecem com o estabelecimento por até 18 meses;
■ Nas férias ou quando não há farmacêuticos, as farmácias fecham;
■ Zoneamento das farmácias.
ITÁLIA
■ A abertura de farmácias é exclusiva de farmacêuticos, e não há redes;
■ A presença de farmacêutico é necessária durante todo o horário de funcionamento, e fecha nas férias;
■ Lei obriga uma farmácia a cada 4.000 habitantes. E a distância entre elas não pode ser menor de 200m.
■ Lei obriga farmacêuticos em hospitais
ALEMANHA
■ Propriedade do farmacêutico;
■ A comunidade aprova ou não a abertura de nova farmácia na localidade;
■ Presença durante todo o período de funcionamento, na ausência do farmacêutico e no período de férias fecham;
■ Placa com o nome na entrada; o farmacêutico pode por consultas e serviços como profissional de saúde, independentemente da venda;
REINO UNIDO (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e Pais de Gales)
■ Propriedade exclusiva;
■ Recebimento por margem média de 33%;
■ Medicamentos são vendidos a granel;
■ Farmácias fecham na ausência ou férias do farmacêutico.
3. DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS
Os medicamentos podem ser classificados sob diversos aspectos: quanto à constituição, emprego, preparação, prescrição e ação farmacológica.
3.1- QUANTO A CONSTITUIÇÃO:
3.1.1- Simples: São aqueles constituídos por um único principio ativo.
Ex.: comprimido de Aspirina 500mg

3.1.2- Compostos: são os medicamentos formados por duas ou mais bases medicamentosas.
3.2- QUANTO AO MODO DE EMPREGO:
3.2.1- Uso interno ou enteral: são aqueles que se destinam à administração no interior do organismo por via bucal e pelas cavidades naturais (vagina, nariz, ânus, ouvido, olhos, etc.).
3.2.2- Uso externo ou parenteral (par= fora e enteral=interno)- são aqueles aplicáveis na superfície do corpo ou nas mucosas facilmente acessíveis ao exterior.
Podem ser de forma:
a- direta: Intra-Venosa, Intra-Muscular, Subcutânea, Intra-dérmica, Intra-arterial, Intra-cardíaca, peridural.

b- Indiretas: Cutânea, Respiratória, Conjuntival, Geniturinária.

3.3- QUANTO AO MODO DE PREPARO:
3.3.1- Oficinais: são aqueles cuja formula e modo de preparo estão publicados em uma Farmacopéia ou formulário oficializado.

3.3.2- Magistrais: são os prescritos por médicos e preparados segundo a arte para cada caso em particular em farmácias especializadas.

3.3.3- Especialidade farmacêutica: são medicamentos de formula registrada, ação terapêutica comprovada, acondicionados uniformemente e distinguidos por meio de nomes convencionais, sendo seu consumo condicionado a autorização oficial previa.

3.4- QUANTO A PRESCRIÇÃO:
3.4.1- Alopáticos: a maioria das especialidades farmacêuticas. São medicamentos baseados na doutrina alopática, que tem como base: “o contrario cura o contrario”, ou seja, a ação dos medicamentos deve atuar contra a doença e seus sintomas. Por exemplo: para a dor, um analgésico, para uma infecção, um antibiótico.
3.4.2- Homeopáticos: são medicamentos que seguem a filosofia homeopática que se baseia em reequilibrar o organismo do individuo, com foco no doente. Baseia-se em dois princípios:

a- Principio da similitude: baseia-se em: “ semelhante cura semelhante”, ou seja: utiliza-se uma substancia que reproduz, ao ser ingerido, sintomas semelhantes aos da moléstia, para reeducar o corpo a combatê-los. Ex.: uma substancia capaz de produzir febre, dado a um paciente em estado febril é capaz de suprimi-la.
b- Principio da posologia: uma substancia capaz de produzir determinados sintomas em doses elevadas, provoca sintomas contrários em doses extremamente reduzidas. Por exemplo, o café:
- o café forte estimula o sistema nervoso central e causa insônia;
- o café bem fraco deprime o SNC e provoca o sono.
3.5- QUANTO A AÇÃO FARMACOLÓGICA:
ADSTRINGENTE
• Possui uma característica “travosa”;
• É produzida pelos taninos (ex. frutos verdes como banana, caqui, goiaba, etc...);
• Propriedades: contrai os tecidos, promove o fechamento dos poros inibindo a saída de secreções. Auxilia na cicatrização de feridas, previne as inflamações em casos de hemorragias, diarréias, feridas, leucorréia.
• Torna as células menos permeáveis, pois precipita as proteínas criando uma camada protetora na mucosa gástrica, por exemplo, inibindo a ação erosiva do ácido gástrico em caso de gastrite ou úlcera.
ANÍDRICA
• Do grego, anydros que quer dizer ausência de água ou de líquido.
• A propriedade anídrica de certas plantas é promover a diminuição da saliva e do suor, retendo e condensando a água.
APERIENTES
• Do latim = que abre o apetite
• Propriedade de abrir os poros e que abre ou estimula o apetite.
ANTISSÉPTICA
• São plantas com propriedades desinfetantes que inibem e detém a ação dos micróbios infectantes e os impedem de se desenvolverem e os destrói.
ANTI-ESPASMÓDICO
• Anti = contra, ação contrária
• Espasmo = do grego spasmós
• Na medicina, o espasmo é uma contração súbita, de duração variável, de musculatura lisa ou estriada, acompanhada de dor e prejuízo funcional, podendo haver distorção e movimentação involuntária (espasmódico).
BACTERICIDA
• Que destrói e mata bactérias ou germes (germicida)
BACTERIOESTÁTICO
• Ação que impedem a divisão (reprodução) das bactérias, promovendo seu envelhecimento e a sua morte.
BÉQUICO
• Do grego = bechikós;
• É um antitussígeno, que acalma ou age contra a tosse
CALMANTE OU SEDATIVO
• Sedativo (que suaviza a excitação)
• Apresenta ação sobre o sistema nervoso central (SNC).
CARDIOTÔNICO
• Cardio = coração
• Tônico = grego – tonikós = que tonifica ou dá energia.
• Que tonifica o coração
• Substâncias que exercem efeito revigorante e fortalecedor do coração.
CARMINATIVO
• Do latin = carminare = anti-flatulento;
• Que combatem gases estomacais ou intestinais;
• Possuem substâncias que agem sobre a cárdia produzindo anestesia, fazendo-a relaxar e permite a expulsão dos gases do trato gastrointestinal.
COLAGOGO
• Do grego = cholagogos = substâncias que excita a secreção da bilis.
• Que estimula a expulsão da bilis contida na vesícula biliar.
COLERÉTICO
• Que estimula a produção de bílis pelo fígado.
• Que ativa o fígado a produzir a bílis ou,
• Atuação sobre as células hepáticas estimulando a produção da bilis.
DEPURATIVA
• Que torna os humores e o sangue purificado e limpo.
• Que combate a impureza do sangue e do meio interno.
DIURÉTICO
• Do grego = dioretikós = que facilita a diurese.
• Que aumenta a quantidade de urina, auxiliando a eliminação de líquidos pelos rins.
EMENAGOGA
• Do grego = emmenos = mênstruo;
• Do grego = agogós = o que conduz.
• Que estimula ou regulariza a menstruação.
ESTIMULANTE E TÔNICO
• Que aumenta a energia das funções vitais e fortalece o organismo todo.
EXPECTORANTE
• Do latim = expectorare = expelir do peito.
• O que facilita a saída das secreções das vias respiratórias através da fluidificação da mucosidade.
HEMOSTÁTICA
• Do grego = haimóstasis = ação ou efeito de estancar uma hemorragia.
• O que combate hemorragia.
HIPOGLICIMIANTE
• Hipo = do grego = hypo = escassez, posição inferior;
• Glicemia = do grego = glykerós = doce.
• Portanto, hipoglicemiante é a substância que têm a propriedade de reduzir a concentração de glicose no sangue
HIPOTENSOR
• Que abaixa a pressão sanguínea
LITAGOGO
• Que expulsa cálculo renal
PURGATIVA OU LAXATIVA
• Quando provoca ou acelera as evacuações.
SIALAGOGO
• Que produz secreção salivar.
SUDORÍFICA OU DIAFORÉTICA
• Que provoca transpiração e suor.
VERMÍFUGO
• Que combate vermes.
VULNERARIO
• Que cura feridas.
4. OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS BÁSICAS
Conjunto de meios postos em pratica para facilitar a obtenção de medicamentos, dando-lhes uma forma farmacêutica.
Podemos dividir as operações farmacêuticas em 3 grupos, mesmo por vezes utilizadas em conjunto:
A - Operações mecânicas
B - Operações físicas
C - Operações químicas
A- OPERAÇÕES MECANICAS:
Constituem um conjunto de métodos que atuam modificando apenas o aspecto exterior de uma droga, podendo não conduzir à obtenção de uma forma farmacêutica.
Entre as operações mecânicas, podemos distinguir:
A.1- Separação de corpos sólidos:
MONDAÇÃO: Em geral, as drogas, principalmente as de origem vegetal, apresentam-se misturadas com certas impurezas (terra, partes inúteis tais como películas) e por esta razão sofrem um processo de separação das partes desejadas por um dos métodos abaixo:
A. 1. 1 – Catação: processo manual de separação das partes que queremos

A. 1. 2 – Através de peneiras (também chamados de tamizes)

Fig. 1

Fig. 2
O material é separado por tamanho passando pelos diversos tipos de abertura existentes nos tamizes. Podemos fazer esta separação utilizando apenas uma peneira, como na figura 1, ou montando um conjunto de peneiras com a de maior abertura na parte superior, reduzindo suas dimensões até uma placa “cega” para coleta do pó mais fino da mistura.( figura 2).

A. 1. 3 – Por lavagem: método empregado, por exemplo, em garimpo, quando o material que se deseja é separado lavando-se constantemente a amostra, até se obter a parte limpa e separada de impurezas.
A.2- SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS DOS LÍQUIDOS E DE LÍQUIDOS NÃO MISCÍVEIS
A. 2. 1 - Sedimentação ou decantação: É um processo de separação empregado tanto para misturas de sólidos e líquidos, quanto para líquido imiscíveis. Consiste em deixar em repouso a mistura até que as partes se separem.

a. 2. 2 – Expressão: Processo mecânico que consiste em se aplicar uma força sobre uma substância para se extrair líquidos do mesmo.

A. 2. 3 - Centrifugação: Processo em que se utiliza um equipamento denominado “centrifugador”, Que em alta velocidade separa os materiais da mistura utilizando a força centrífuga para isso. Os materiais ou líquidos mais pesados se deslocam para o fundo do recipiente

A. 2. 4- Filtração: Separação de sólidos e líquidos utilizando materiais específico para “ segurar” a parte sólida e deixar passar o líquido. Podem ser utilizados papel de filtro, algodão vegetal, gaze, tecidos de porosidade diversa, porcelana porosa, vidro poroso, e outros.

B- OPERAÇÕES FÍSICAS: DIVISÃO DE CORPOS SÓLIDOS
Muitas drogas vegetais ou minerais devem sofrer um processo de divisão para facilitar seu uso. Para isso podemos distinguir 3 tipos de operações: preliminares, principais e complementares.
B.1- OPERAÇÕES PRELIMINARES:
Tem por finalidade a preparação da droga para ser submetida à operação seguinte. São chamadas também de divisão grosseira:
B.1 . 1 – Secção: Consiste em se fazer vários cortes transversais no material a fim de se reduzir seu tamanho. Pode ser feito com uma faca, tesoura ou um equipamento especial contendo uma alavanca montada com uma lamina. É muito empregado em drogas vegetais (raízes, caule, folhas).

B . 1. 2- Fragmentação: Consiste na divisão de sólidos em partes menores, sem no entanto transformar a droga em pó.

B . 1. 3 - Rasuração: Algumas drogas , devido a sua dureza, não podem ser divididas por secção ou fragmentação. Utilizamos então a rasuração, que consiste em submeter o material a ação de uma lima grossa de metal. É o método empregado, por exemplo, em raiz de nós vomica ou algumas sementes.
B.2- OPERAÇÕES PRINCIPAIS
Constituem em diversas modalidades quebra das partículas de uma substancia com o auxilio de GRAL ou ALMOFARIZ com PISTILO, que pode ser de porcelana, vidro, metal. Tem por finalidade dividir finamente os fragmentos resultantes da divisão grosseira, transformando-os em pó.
Chamamos estas operações de:
- TRITURAÇÃO: quando submetemos a substancia à ação do pistilo, aplicando-se uma força e movimentos circulatórios;
- CONTUSÃO: consiste em fazer agir o pistilo, em movimentos verticais de cima para baixo, batendo sobre a droga, reduzindo assim o tamanho dos fragmentos. Este método é empregado quando os fragmentos são muito duros e resistentes à trituração.
- PULVERIZAÇÃO: consiste em se atritar os fragmentos da droga contra a parede do almofariz, até que se consiga um pó finíssimo.

B.3- OPERAÇÕES COMPLEMENTARES
Tamisação é uma operação que tem por finalidade selecionar um pó com grau de finura conveniente para cada caso, dando homogeneidade ao mesmo.
Para a forma farmacêutica pó, esta é a última fase.
Utiliza-se neste processo TAMIZES (ou peneiras) . Eles são designados por um algarismo, que correspondem ao número de malhas (furos) por polegada linear, ou 2,54 cm, ou seja: quanto menor o número do tamiz, maior o tamanho em mm da abertura da malha.
Ex: Tamiz 10 = 2,000 mm de abertura da malha;
Tamiz 20 = 0,840 mm;
Tamiz 40 = 0,420 mm

B.4- MEDIDAS DE PESO
Primeiramente devemos falar um pouco sobre conceitos de peso e massa: enquanto massa é a quantidade de matéria que um corpo qualquer possui, o peso depende da ação da força da gravidade e, muda de acordo com o lugar do universo que o corpo se encontra. Meu sonho seria me pesar na Lua... Como estamos na Terra, estes conceitos devem ser conhecidos, mas podem ser esquecidos já que os corpos estarão sempre recebendo a mesma ação da gravidade, podemos dizer que massa e peso são os mesmos.
São medidas feitas em equipamentos especiais (balanças) com sensibilidades diferenciadas para cada necessidade:
Analítica – até 0,0001 g
Semi-analítica – até 0,01 g
Granatária – até 0,1 g

balança granataria

balança semi analítica

balança analítica
B.5- MEDIDAS DE VOLUME
Em laboratório utilizamos diversos tipos de vidraria para medir volumes de líquidos. Podem ser de medida grosseira ( copos de Béquer, erlenmeyer), ou mais precisa (pipetas graduadas, pipetas volumétricas, cálices, buretas).
Existem medidas comparativas, ou seja, volumes que correspondem a determinado padrão.
Ex: 1 ml = 20 gotas de água destilada

B.6- MEDIDAS DE DENSIDADE
Densidade é a medida de correspondência entre peso e volume. É expressa pela formula :
D = m / v ( massa / volume)
Considerando esta expressão matemática, claramente se observa que não teremos densidades iguais. Existem tabelas que nos fornecem as densidades para cada líquido, considerando determinadas temperaturas. A 15 °C, a densidade da água é igual a 1, ou seja: 1 grama de água equivale a 1 ml de água.
Facilmente podemos determinar a densidade de qualquer líquido. Basta verificarmos determinado volume de líquido, não importa quanto seja. E depois disso determinarmos seu peso com o uso de uma balança. O valor desse peso, ou massa, dividido pelo volume que ele ocupa, resultará num valor expresso em g/ ml que chamamos de densidade.
Exercícios de fixação ajudarão a entender melhor as inúmeras possibilidades de uso da medida de densidade.
C - OPERAÇÕES QUÍMICAS
Constituem um conjunto de operações que modificam as características químicas e muitas vezes físicas das substancias. Através das operações químicas, podemos obter muitas substâncias medicamentosas ou ainda facilitar a obtenção de muitas formas farmacêuticas.
Enumeramos a seguir, as principais operações químicas empregadas em farmácia:
C.1- Combinação direta: certas substancias tem a capacidade de se combinarem formando novos compostos quando em contato. Esta reação de combinação direta pode ser realizada a frio ou a quente. Algumas reações produzem muito calor, são chamadas de exotérmicas.
C.2- Oxidação: consiste em se fazer com que uma substancia reativa aja sobre outra provocando o ganho de oxigênio.
Entre as substâncias oxidantes mais empregadas podemos citar: Ácido nítrico, ácido sulfúrico, água oxigenada, permanganato de potássio. São utilizadas para transformar sulfato ferroso em férrico ou cloreto mercuroso em mercurico, por exemplo.
C.3- Redução: reação inversa à oxidação, empregando por exemplo agentes redutores com o ácido sulfuroso, ou através do calor aumentando a reatividade do carvão como adsorvente de umidade.
C.4- Saponificação: Fazendo-se reagir certos ácidos com álcalis, chegamos a substancia denominadas sabões. Um exemplo disso é a reação entre ácido esteárico e hidróxido de amônio, resultando em um sal denominado estearato de amônia, utilizado em sabões medicinais.
5. ESTABILIDADE DAS PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS
As causas gerais de alterações de um produto farmacêutico, podem ser geradas por influencia de fatores físicos, químicos e biológicos.
5.1- AGENTES FÍSICOS:
5.1.1 – CALOR – Favorece a evaporação, contribuindo desta maneira para a alteração de certos medicamentos. A evaporação de substancias químicas voláteis, como éter, álcool e clorofórmio, não constituem uma alteração, pois o produto final resultante é igual ao inicial. Porem uma tintura que sofra processo de evaporação do álcool que contem, o produto final resultará alterado. O calor acelera também processos de oxidação.
5.1.2- FRIO: Apesar de ser um excelente agente conservador, pode em certos casos ser causa de alterações dos medicamentos. Assim, os óleos essenciais, podem sofrer modificações na sua composição, traduzidas pro precipitação ou cristalização de certos constituintes.
Óleos de oliva, rícino, fígado de bacalhau, essência de rosas, são exemplos de substâncias que podem sofrer alterações por ação do frio.
5.1.3- LUZ : Pode influenciar nas alterações dos medicamentos, causando modificações das características físicas e químicas de uma substancia ou produto farmacêutico.
5.2- AGENTES QUÍMICOS:
As modificações sofridas pelos medicamentos sobre influencia de agentes químicos, podem ser causadas por fatores inerentes à composição do próprio medicamento.
Entre estes, podemos citar:
5.2.1- NATUREZA DOS RECIPIENTES:
Os recipientes utilizados tanto na manipulação como para conservação e dispensação, devem ser escolhidos de acordo com a composição do produto. Assim, recipientes metálicos ( chumbo, ferro, cobre, zinco) não podem ser utilizados na preparação ou na dispensação de medicamentos ácidos, pois os mesmos reagem com o material do recipiente dando origem a produtos secundários muitas vezes tóxicos.
Por esta razão, os medicamentos ácidos são preferencialmente embalados em recipientes de vidro. O próprio vidro deve ser devidamente escolhido, através de ensaios, pois podem apresentar certos inconvenientes, dependendo do caso.
5.2.1- AR ATMOSFERICO:
Os constituintes do ar: oxigênio, CO2, NH4, O3, bem como a umidade, representada pelo vapor de água, intervém cada um por si ou associando-se nas alterações medicamentosas. O N existente no ar é inerte.
Um exemplo pode ser a ação do CO2 que em presença do Cianureto de potássio, o decompõe liberando ácido cianídrico. Sais de chumbo transformam-se pouco a pouco em carbono sob a ação do CO2 no ar.
5.3- AGENTES BIOLÓGICOS:
Os agentes biológicos que podem produzir modificações nos medicamentos são organismos vivos: animais ou vegetais, ou ainda os fermentos solúveis produzidos por esses organismos. Entre os agentes biológicos capazes de provocar alterações são: insetos, bactérias, algas, fungos e leveduras.
5.4– USO DE ANTIOXIDANTES
A principal medida que se deve tomar para evitar os processos de oxidação e auto-oxidação é a adição de catalisadores nos ativos (anti-oxidantes). Os antioxidantes são substancias altamente oxidáveis que introduzidos em um meio, competem e reagem antes da substancia principal, para protegê-la.
Um anti-oxidante ideal deve possuir as seguintes propriedades:
1. Efetiva e prolongada ação anti-oxidante;
2. Solubilidade ou fácil dispersabilidade nas concentrações utilizadas;
3. Atoxidade na concentração utilizada;
4. Não modificar as características do produto (cor, odor e sabor);
5. Ser isento de ação terapêutica e não interferir na ação terapêutica do medicamento na concentração empregada;
6. Não causar incompatibilidades;
7. Ser de baixo custo;
Principais antioxidantes: ácido ascórbico, benjoim (resina ou pó), compostos sulfurados, ésteres do ácido galico, tocoferois.
6. FÓRMULA FARMACÊUTICA
A composição de uma fórmula farmacêutica compreende a utilização de fármacos ou princípios ativos, e excipientes que podem atuar como coadjuvantes técnicos e terapêuticos, veículos (para formas líquidas e semi-solidas) e excipientes (para formas sólidas).
6.1- FÁRMACO OU PRINCÍPIO ATIVO:
É o agente responsável pela ação farmacológica do medicamento. Os princípios ativos são classificados em função de vários aspectos, como: classe química, classe terapêutica, alvo molecular ou especificidade.
Quanto à especificidade, existem apenas duas classes: a dos fármacos específicos e a dos inespecíficos:
Específicos: Correspondem à maioria dos mais de sete mil fármacos constantes no arsenal terapêutico, tais como analgésicos e antiinflamatórios, os agentes cardiovasculares, anti-histamínicos, hormônios, agentes antiparasitários diversos etc.
Inespecíficos: São em número bastante reduzidos. Não atuam seletivamente sobre determinados receptores. A ação farmacodinâmica desta classe depende apenas de suas propriedades físico-químicas, sendo estes pouco vulneráveis às modificações estruturais. Entre os fármacos inespecíficos mais comumente manipulados temos os anti-sépticos, rubefascientes, adstringentes, emolientes, umectantes, hidratantes, queratoplasticos, queratoliticos e cáusticos.
6.2- EXCIPIENTES
Excipientes são substancias empregadas como complemento para os princípios ativos. Possibilitam a obtenção de formas farmacêuticas estáveis, eficazes e atraentes.
Características de um excipiente ideal:
- Não interagir com o fármaco
- Não interagir com o material de embalagem
- Não ser tóxico, sensibilizante, irritante
- Disponibilizar o fármaco
- Estabilizar a forma farmacêutica (física, química, microbiológica)
A escolha do excipiente é baseada na característica do fármaco e da forma farmacêutica (F.F.) escolhida.
6.2.1- EXCIPIENTES PARA FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS (pós, comprimidos, cápsulas)
DILUENTE
- Substancia inerte utilizada como agente de enchimento para criar volume desejado, as propriedades de fluxo e as características de compressão nas preparações de comprimidos e cápsulas.
Ex: Lactose, Manitol, Amido, Celulose microcristalina
AGLUTINANTE
- Substancias utilizadas para causar aderência nas partículas facilitando a confecção de comprimidos
Ex: Amido, Amido pré-gelatinizado, PVP ( Povidona ou Polivinilpirrolidona), metilcelulose, Aerosil (celulose microcristalina)
DESAGREGANTE
- Promovem o rompimento da massa sólida em partículas menores que se dispersam ou dissolvem mais rapidamente
Ex: Explocel , Explotab ( nomes comerciais de celuloses que agem por expansão ao se umedecerem)
LUBRIFICANTES
- Utilizados para diminuir o atrito na fluidez do material
Ex: Estearato de Magnésio, Estearato de Cálcio,Talco
AGENTE DE REVESTIMENTO
- Utilizados para recobrir comprimidos evitando a decomposição do fármaco, mascarar sabor e odor, alterar o perfil de liberação do fármaco, proteger o fármaco da ação do TGI.
Ex: Açúcar, Ethocel (Etilcelulose), Eudragit (nome comercial)
6.2.2- EXCIPIENTES PARA FORMAS FARMACÊUTICAS LIQUIDAS ( SOLUÇÕES , SUSPENSÕES)
VEICULO
- Agente carreador de substancias farmacêuticas, utilizado em líquidos orais e parenterais
Ex: água, misturas hidroalcoolicas, xarope, oleaginosos ( óleo de amendoim, de gergelim, mineral)
AGENTE DE AUMENTO DE VISCOSIDADE
- Usado para alterar a consistência de uma formulação, fornecendo maior resistência ao escoamento
Ex: ácido algínico, goma adraganta, metilcelulose, PVP, alginato de sódio
AGENTE SUSPENSOR
-Usado para diminuir a velocidade de sedimentação das partículas dispersas em um veiculo, onde não são solúveis
Ex: caulim, metilcelulose, CMC, HMC
AGENTE ACIDIFICANTE E ALCALINIZANTE
- Substancias utilizadas para acidificar ou alcalinizar o meio com o objetivo de fornecer a estabilidade ao fármaco
Ex: Acidificantes: ácido acético, ácido cítrico, ácido fumarico
Alcalinizante : hidróxido de sódio, trietanolamina, dietanolamina
6.2.3- EXCIPIENTES PARA FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI SOLIDOS (CREMES, POMADAS, GEIS, LOÇÕES)
VEICULO
- Agente carreador de substancias farmacêuticas, utilizados em cremes, géis, pomadas e loções
Ex: Pomadas: Hidrófobos: vaselina, parafina, óleos vegetais, ceras
Aquo-oleosos: lanolina, álcool cetilico
Gel : água, álcool etílico, propilenoglicol, óleos vegetais
AGENTE EMULSIFICANTE
- Usado para promover a dispersão de partículas em um liquido no qual é imiscível
TENSO ATIVOS
– substancias que reduzem a tensão superficial entre óleo e água, permitindo a estabilização das emulsões
Ex: lauril sulfato de sódio
UMECTANTES
– usados para evitar o ressecamento das formulações ( cremes e pomadas) devido a sua capacidade de reter água
Ex: glicerina, propilenoglicol, sorbitol
EMOLIENTES
– substancias de amaciamento da camada córnea
Ex: glicerina, propilenoglicol, ésteres graxos
SUBESTANCIAS ESPESSANTES OU DE CONSISTENCIA
- Usados para aumentar a consistência e dureza de cremes, géis e pomadas
Ex: Cremes e Pomadas: parafina, álcool cetilico, ceras
Géis (gelificantes) : polímero carboxivinilico (carbopol), polímero acrílico (permulen), gomas, hidroxietilcelulose ( natrosol)
SEQUESTRANTES OU QUELANTES
– Substancias que formam complexos estáveis com metais. Bastante utilizados em preparações liquidas. Metais pesados provenientes da dureza da água (Ca e Mg)
ADSORVENTES
– agente capaz de adsorver outras moléculas em sua superfície por ação química ou física. São utilizados como clarificantes em filtração.
Ex: carvão ativo, celulose em pó
6.2.4- EXCIPIENTES DE USO GERAL
TAMPÃO
- Substancia utilizada para manter o valor do pH de uma solução, loção ou creme
Ex: fosfato de potássio, citrato de sódio
ANTIOXIDANTES
- Agentes que inibem a oxidação, pois atuam como concorrentes, ou seja, oxidam-se antes do ativo
Ex: : Antioxidantes para sistemas aquosos: sulfito de sódio, metabissulfito de sódio, bissulfito de sódio, acido ascórbico, derivados da cisteina
Antioxidantes para sistemas oleosos: palmitato de ascorbila, BHT (butilhidroxitolueno), vitamina E,
CONSERVANTES
- Substancias utilizadas em preparações liquidas e semi sólidas para prevenir o crescimento de fungos e bactérias
Ex: Conservantes antifúngicos : acido benzóico, propilparabeno (nipazol), metilparabeno (nipagin)
Conservantes antibacterianos: cloreto de benzalcônio, timerosal, fenol
AGENTE LEVIGANTE
- Substancias utilizadas como agente facilitador na redução do tamanho de partículas de fármacos por trituração
Ex: glicerina, óleo mineral
7. CÁLCULOS EM FARMACOTÉCNICA
Para a preparação de fórmulas farmacêuticas, necessitamos constantemente de lançar mão de cálculos para chegarmos a quantidade correta de materiais a serem utilizados. Basicamente, utilizamos os seguintes tipos de cálculo:
a- Conversão de unidades de medida
b- Regra de três
c- Porcentagem
d- Cálculos utilizando densidade
e- Cálculos utilizando concentração
a- Conversão de unidades de medida:
As principais unidades de medida de massa e volume empregadas nas fórmulas são:
Unidades de massa:
kg - quilograma
g - grama
mg - miligrama
mcg ou µg – micrograma
Unidades de volume:
L - litro
mL – mililitro
cm³ - centímetro cubico
Para se fazer as conversões de unidades, utilizamos a seguinte tabela de conversões:
1 kg corresponde a 1.000 g
1 g corresponde a 1.000 mg
1 mg corresponde a 1.000 mcg ou µg
Então:
1 mg corresponde a 0,001 g
1 g corresponde a 0,001 kg
Da mesma maneira para volumes:
1 L corresponde a 1.000 mL
Então: 1 mL corresponde a 0,001 L
Exemplos:
260 mg = 0,26 g
260 g = 0,26 kg
260 g = 260.000 mg
25 mL = 0,025 L
250 mL = 0,25 L
0,5 L = 500 mL
b - Regra de três:
A regra de três, é um método matemático pratico e muito utilizado para se determinar valores quando conhecemos 3 valores entre 4, com até duas espécies de grandezas diferentes. Para explicar melhor, vamos a um exemplo prático:
- Sabemos que a formula básica do xarope simples é igual a 850 g de açúcar para fazer 1.000 mL de xarope. Quanto tenho que pesar de açúcar para fazer 600 mL de xarope?
Para se calcular com regra de três devemos seguir alguns passos básicos:
1- Preencher duas colunas de espécies de grandezas iguais com os valores que temos ou que necessitamos.
Então temos : açúcar xarope
850 g --------- 1.000 mL
X --------- 600 mL
2- Fazemos a montagem da formula para calculo multiplicando em cruz as colunas da etapa 1,
X . 1.000 = 850 . 600
3- Isolamos a incógnita para encontrarmos o valor que queremos,
X = 850 . 600
1.000
então, X = 510 g de açúcar para fazermos 600 mL de xarope
c - Porcentagem:
É frequente a necessidade de uso de expressões que reflitam acréscimos ou reduções em preços, números ou quantidades, e para facilitar a visualização, convencionou-se utilizar a base 100 unidades para isso. Então, um valor completo, sempre será 100%. E as frações deste corresponderão a valores também correspondentes a base 100.
Como exemplo, podemos dizer que:
- uma solução a 5% de ibuprofeno, significa que temos 5 g de P.A. em cada 100 mL da solução;
- a solução fisiológica tem 9 g de Cloreto de Sódio para fazermos 1.000 mL de solução. Então, podemos dizer que, esta solução tem 0,9% de Cloreto de Sódio.
d- Cálculos utilizando densidade:
Utilizando a formula da densidade: D = m/ v, onde densidade expressa em g/ mL é dada dividindo-se a massa em gramas do produto pelo seu volume, em mL, ocupado, podemos facilitar um processo de produção farmacotécnica alterando a quantidade de uma matéria prima para peso ou volume, dependendo dos valores conhecidos ou da necessidade na própria formula. Por exemplo:
Temos que fazer um xarope com uma quantidade de 100 mL de mel, e encontramos na embalagem a quantidade expressa em gramas. Como fazemos a correspondência deste volume de 100 mL para gramas? Lembrando que pela enorme densidade do mel, se utilizarmos um recipiente de medida de líquidos, teríamos dificuldade de retirar todo o conteúdo medido do mesmo pela retenção nas paredes.
Então, podemos fazer esta transformação de duas maneiras:
1- Conhecendo a densidade do mel através de tabela de livros especializados, cerca de 1,42 g/mL, a 20°C com umidade de 18%.
D = m/ v então, D = 1,42, volume (v) que necessitamos é 100 mL e a massa (m), é o que queremos.
Substituindo os valores na formula, temos;
1,42 = m / 100, usando a propriedade matemática de o sinal alterar quando se passa para o outro lado da expressão, temos:
m = 1,42 x 100 ou m = 142 g.
2- Não conhecendo antecipadamente a densidade:
a- Tomamos um recipiente de medida precisa de volumes (proveta ou cálice), limpo e seco;
b- Taramos esse recipiente em balança apropriada;
c- Colocamos em seu interior, cuidadosamente para evitarmos que o mel aderido fique nas paredes, quantidade conhecida de mel, por exemplo 5 mL;
d- Fazemos a leitura do peso indicado na balança, ou seja : 7,1 g;
e- Substituímos este valor na formula da densidade e temos:
D = 7,1 / 5 , temos Densidade do mel = 1,42 g/mL
f- Substituindo novamente na formula, agora deixando o valor da massa que queremos como incógnita, temos:
1,42 = m / 100 , então: m = 1,42 x 100 que nos dará 142 g de mel a serem pesadas para termos os 100 mL do produto necessários para nossa formulação.
e- Cálculos utilizando concentração:
Servem para determinarmos a porcentagem de um soluto em um solvente, por exemplo.
Expressamos esta concentração de três maneiras diferentes:
1- Concentração p/p ou peso/ peso: quando queremos determinar a quantidade em peso de um soluto em um diluente qualquer também expresso em peso.
Exemplo: Qual a quantidade de Vitamina C que devemos pesar para se obter 100 g de
uma mistura a 30% p/ p em lactose?
2- Concentração p/ v ou peso/ volume: quando queremos determinar a quantidade em peso de um soluto em um diluente qualquer agora expresso em unidade de volume.
Exemplo: Se temos 10 g de dipirona dissolvidas em quantidade suficiente para se preparar 200 mL de solução, qual a concentração em porcentagem p/ v desta solução?
3- Concentração v/ v ou volume/ volume: quando queremos determinar a quantidade agora em volume de um soluto em um diluente qualquer expresso em unidade de volume.
Exemplo: Qual a concentração de uma solução de 10 mL de uma tintura de hamamelis, dissolvida em 50 mL de água?
Uma outra possibilidade de calculo de concentração, é preparar um solução, partindo-se de outra de concentração conhecida, utilizando-se para isso a formula:
Q1 x C1 = Q2 x C2 onde:
Q1 = quantidade conhecida
C1 = concentração conhecida
Q2 = quantidade final a ser obtida após diluição
C2 = concentração final após diluição
Exemplo: Se 15 mL de uma solução aquosa de Vitamina C a 30% p/ v for diluída para 50 mL, qual será a concentração da solução final?
Q1 = 15 mL
C1 = 0,30
Q2 = 50 mL
C2 = ?
Então: 15 x 0,30 = 50 x C2 onde 4,5/ 50 = C2 , então C2 = 0,09 ou 9%
8. FORMAS FARMACÊUTICAS (F.F.)
Terminologia:
Droga: é toda substancia química capaz de modificar funções biológicas, com finalidade terapêutica ou não.
Fármaco: é toda substancia capaz de alterar ou modificar as funções biológicas com a finalidade terapêutica.
Tóxico: é a droga ou fármaco utilizado de maneira adversa à finalidade terapêutica.
Medicamento: é o produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade de:
- reposição (ex: hormônios, vitaminas)
- profilática (ex: creme dental com flúor)
- curativa (ex: antimicrobianos)
- paliativa (ex: analgésicos – curam o efeito, mas não a causa...)
- contraceptiva (Ex: pílulas anticoncepcionais)
- diagnostica (ex: contrastes radiológicos)
Obs: A farmacocinética estuda quantitativamente a cronologia dos processos de administração, absorção, distribuição, biotransformação e excreção das drogas.
8.1- FORMAS FARMACÊUTICAS SOLIDAS
PÓS:
São misturas de fármacos com adjuvantes em forma seca, finamente divididos, que podem ser utilizados como estão, para preparação de outros fármacos ou serem utilizados em outras F.F. tais como cápsula.
GRANULADOS:
Pós muito finos trazem inconvenientes em algumas operações com maquinas, por exemplo, de compressão, pois não conseguem preencher corretamente as matrizes (ou espaços da câmara de compressão responsáveis pela forma dos comprimidos que conhecemos), por serem por vezes muito leves, ocasionando grandes variações de peso nos mesmos e, consequentemente, diferenças em sua dosagem.
Além disso, produzem bolhas internas nos comprimidos, que ocasionam seu rompimento no momento da expulsão da maquina de compressão.
Por estas razões, utilizamos uma granulação previa que tem por finalidade obter aglomerados de partículas (grânulos) os quais fornecem mais facilidade na alimentação das matrizes de compressão.
Podem ser obtidas de duas maneiras: granulação seca e granulação úmida.
1- Granulação seca:
Consiste na prensagem previa dos pós finos com o objetivo de se obter uma placa resistente do pó, que após passagem por um fragmentador (item B.1.2) e por tamises (item B.3) para uniformização do tamanho dos grânulos, são levados ao processo seguinte de produção.
2- Granulação úmida:
Estando os ingredientes da formula pulverizados e tamisados, procedemos a sua homogeneização através de um almofariz ou de misturadores em caso de volumes maiores. Após perfeitamente misturados, passamos a fase de adição do agente umedecedor.
O agente umedecedor ou granulante é originariamente água, álcool ou outro solvente apropriado. No entanto, somente utilizando-se água ou álcool, ao secarmos a mistura, não obtemos uma consistência ideal para mantê-la após a fragmentação e a tamisação. Para isso, geralmente adicionamos ao agente umedecedor pequenas quantidades de um aglutinante, que pode ser amido ou uma celulose.
Com esta adição, o pó toma a consistência de uma massa, que, ao ser passada por um granulador (ou fragmentador), obtemos grânulos menores úmidos.
Este granulado será tratado por um dos métodos de secagem que tivermos ao nosso dispor. Normalmente utilizamos uma estufa, e dispomos o granulado em bandejas, submetendo-o a uma temperatura máxima de 60 °C, por um tempo de 12 a 24 horas até que este esteja completamente seco.
O granulado é passado novamente por tamis com abertura desejada para o tamanho do granulo que precisamos para continuidade de nosso processo.
COMPRIMIDOS:
São F.F. sólidas obtidas por compressão da mistura de pós ou granulado, contendo fármaco e adjuvantes. Cada unidade contem uma dose determinada do fármaco e pode ser de uso oral, sublingual, subcutâneo ( de liberação programada), vaginal (óvulos). É produzido pela ação de uma pressão muito grande imprimida em dois cunhos de metal denominados punções, que dão a forma ao comprimido, tendo ao centro o pó suficiente para esse comprimido dentro de uma matriz também de metal.

Vantagens: - baixo custo
- facilidade de aplicação (não necessita de pessoal especializado)
- dosificação precisa por unidade posológica
- mascaramento de sabores
desagradáveis
- comprimidos mastigáveis
- comprimidos efervescentes
Desvantagens: - necessita de equipamento e ferramental especifico e caro.
Exemplo:
Comprimido de Ácido Acetilsalicílico 500 mg (analgésico, antitérmico)
Ácido Acetilsalicílico granulado fino 500 mg
Avicel (celulose microcristalina) 50 mg
Amido de milho 50 mg
DRAGEAS:
F.F. sólidas, que consistem em um comprimido recoberto por uma camada gastro-resistente e diversas camadas de xarope de açúcar, ceras e outros adjuvantes a fim de preservar o núcleo da ação do ar, luz, umidade, etc. É uma técnica que exige um treinamento muito especial para sua confecção, atualmente muito caro para sua utilização competitiva com outras formas farmacêuticas de proteção ao produto, tais como os comprimidos revestidos.

COMPRIMIDOS REVESTIDOS:
F.F. sólidas recobertas de uma camada de solução de celulose que preserva o núcleo com uma das três finalidades:
1- Proteger o comprimido da ação da luz. Ex: Nifedipino se modifica quimicamente sob ação da luz branca. As operações com este produto são feitas sob luz amarela;
2- Proteção organoléptica. Ex: Ciprofloxacina é extremamente amarga e impediria seu uso;
3-Proteção gástrica: revestimento entérico para que o comprimido apenas se dissolva no intestino delgado, onde seu principio ativo será absorvido.
O processo de revestimento é semelhante ao drageamento, utilizando-se os mesmos equipamentos de aplicação e secagem dos núcleos, com a diferença de que neste processo o tempo de produção é de aproximadamente 4 horas, ao passo que um drageamento pode durar até 3 dias, dependendo do produto que estamos trabalhando.

COMPRIMIDOS EFERVESCENTES:
Esta F.F. exige uma área controlada para sua produção com temperatura constante e umidade do ar baixa para evitarmos a produção extemporânea de gases. As matérias primas empregadas produzem CO2 em contato com água, e são de escolha quando o paciente não consegue engolir o comprimido integro. Outra vantagem desta F.F. é que o P.A. já chega dissolvido no local de absorção do organismo. Como desvantagem, podemos citar a necessidade de um recipiente com água para a dissolução da F.F. Podemos encontrar no mercado GRANULADOS EFERVESCENTES, ou seja, utilizamos o granulado feito e aviamos ao paciente, que o utiliza dispondo o produto com colher medida.

Exemplo: Comprimido efervescente de Vitamina C
Ácido Acetilsalicilico pó fino 400 mg
Ácido Ascorbico 240 mg
Bicarbonato de sódio 1420 mg
Carbonato de sódio 200 mg
Ácido Citrico 850 mg
Ciclamato de sódio 30 mg
Sacarina Sodica 80 mg
Aroma de Limão 20 mg
Misturar todos os componentes e levar para compressão direta
PASTILHAS:
CONCEITO: São preparações farmacêuticas de consistência sólida, destinadas a dissolverem-se lentamente na boca. São preparadas por moldagem de uma massa plástica constituída, na maioria das vezes, por mucilagem e/ou açúcar associado a princípios ativos.


TIPOS:
A- Com grande quantidade de açúcar e mucilagens. Feita a frio.
B- Com elevado teor de goma. Feita a quente.
C- Sem mucilagem, somente açúcar (pouco usada).
D- Contendo gelatina (glico-gelatina)
Exemplo: Pastilhas tipo Valda: Uso int.
Eucaliptol 0,5 g Mentol 0,01 g Tintura de salsaparilha 5,0 g Glicerina 12,5 g Goma arábica 300 g Açúcar em pó 200 g Água destilada 300 g
TÉCNICA: Dissolva o eucaliptol na tintura e junte o mentol e a glicerina. À parte dissolva a goma na água e filtre. A esta mucilagem adiciona-se o açúcar e concentra-se em banho maria até consistência de xarope muito espesso. Acrescente ao xarope formado a solução contendo o eucaliptol, o mentol e glicerina e lance em moldes lubrificados com óleo de amêndoas. Secar na estufa a cerca de 40°C.
COMPRIMIDOS SUBLINGUAIS:
Os medicamentos administrados por baixo da língua (i.e. sublinguais) são úteis quando é necessária ao mesmo tempo uma resposta rápida e uma auto-administração. O medicamento entra rapidamente na circulação sanguínea através das células delicadas que delineiam a boca, evitando portanto o efeito de primeira-passagem dos comprimidos que são engolidos. Um exemplo é a nitroglicerina, que é administrada por via sublingual para a angina e peito.


CAPSULAS:
F.F. que empregam os P.A. e adjuvantes sob forma de pó ou granulado são colocados em um recipiente de gelatina com tamanhos equivalentes a dose necessária para uma administração do medicamento. Podem ser “duras” compostas de gelatina rígida em duas partes: corpo e tampa que são utilizadas para pós e granulados, e “moles” com gelatina mais maleável em duas partes soldadas para uso com formas líquidas ou pastosas (neste caso o equipamento necessário é especifico e muito caro). Existem empresas especializadas neste preparo de cápsulas moles e muitos fabricantes terceirizam esta produção.

Cápsula gelatinosa dura

Cápsula gelatinosa dura

CÁPSULAS DURAS
| ||||
NUMERO
|
DIAMETRO
cm
|
COMPRIMENTO cm
|
VOLUME mL
|
PESO mg
|
OOO
|
0,93
|
2,22
|
1,42
|
1.000
|
OO
|
0,80
|
2,03
|
0,92
|
750
|
O
|
0,73
|
1,85
|
0,70
|
500
|
1
|
0,66
|
1,67
|
0,50
|
300
|
2
|
0,60
|
1,54
|
0,40
|
250
|
3
|
0,56
|
1,36
|
0,37
|
200
|
4
|
0,51
|
1,25
|
0,21
|
125
|
5
|
0,47
|
0,93
|
0,12
|
50
|
Cápsulas duras :
Vantagens:
- Administração de fármacos de sabor desagradável ou nauseosos;
- Invólucros facilmente digeríveis;
- Liberação rápida do fármaco após deglutição;
- Fácil deglutição: formato e elasticidade;
- Forma de dosificação precisa;
- Fácil produção em pequena escala;
- Variedade de tamanhos;
- Produção mais simples;
- Não necessitam de equipamentos sofisticados para seu uso;
- Possuem varias cores, o que facilita na identificação do medicamento;
Desvantagens:
- São menos resistentes que os comprimidos e podem se abrir expondo ou com perdas do produto contido, prejudicando o tratamento;
- Rapidez de liberação do fármaco;
- Não fracionáveis;
- Espaço para estocagem;
- Sensíveis à umidade.
SUPOSITÓRIOS:


São F.F. cuja preparação emprega matérias primas que, na temperatura ambiente são sólidas, e quando colocadas no corpo (aprox.37 ºC) se dissolvem ou fundem. Cada medicamento é desenhado para uma doença específica e para uma via de administração específica. Seu tamanho varia entre 3 e 5 cm, com cerca de 1,2 a 4 g de peso. Os supositórios, podem ser desagradáveis quanto ao uso, mas são úteis sempre que se deseja um efeito local - por outras palavras, sempre que se pretende que o medicamento seja utilizado para tratar alguma alteração a nível do reto. Os supositórios também são úteis quando uma pessoa se sente nauseada ou com vómitos, ou não pode tomar medicamentos pela boca.
A porção terminal do reto possui a faculdade de absorver rapidamente os medicamentos devido a grande quantidade de capilares que a circunda.


Indicações: - pacientes com emese (problemas de vômito);
- crianças ou idosos;
- pacientes desacordados ou com pouca coordenação.
Exemplo : Supositório de Glicerina (para prisão de ventre)
Gelatina em folha 4 g
Glicerina 21 g
Água destilada 5 g
Parafina liquida para lubrificar as formas
Modo de preparo:
1- Cortar a gelatina de pedaços
2- Adicionar a água destilada
3- Aquecer em B.M. até formar uma pasta liquida e uniforme
4- Em outro recipiente aqueça a glicerina
5- Adicionar a glicerina à mistura de água e gelatina, mexendo até uniformização
6- Lubrificar os moldes com a parafina líquida
7- Fechar o molde e colocar a mistura
8- Levar a geladeira
ÓVULOS:
São formas sólidas geralmente de formato ovoide, que, como os supositórios, se fundem ou liquefazem a temperatura do corpo, diferenciando deles por serem administrados no interior da vagina. Esta forma é de escolha para aplicação local de medicamentos específicos para tratamento local de enfermidades.
8.2- FORMAS FARMACÊUTICAS LIQUIDAS
SOLUÇÕES:
São preparações que contem um ou mais fármacos dissolvidos em água, podendo ser administrados por via enteral ou parenteral.
- SOLUÇÕES DE USO ORAL (ENTERAL): por via oral temos as soluções orais e as gotas. Ex: Dipirona.
Esta F.F. necessita para seu emprego, informação sobre o volume a ser administrado para a dose necessário para o tratamento e, equipamento para esta medida. Normalmente utilizamos objetos que temos facilmente à mão, tais como talheres de cozinha. A tabela de correspondência abaixo nos mostra estes valores:
Correspondências volumétrica:
Colher de café 2 ml
Colher de chá 5 ml
Colher de sobremesa 10 ml
Colher de sopa 15 ml
Conta-gotas oficial = 20 gotas de água 1 ml
- SOLUÇÕES DE USO CONJUNTIVAL : Ex: Colírio Moura Brasil
A conjuntiva, é uma forma de administração de medicamentos muito importante, pois sendo muito vascularizada, leva rapidamente o principio ativo à corrente sanguínea. Mesmo protegida fisiologicamente pelas lágrimas, os cuidados na manipulação destas F.F. devem ser altos. Condições da manipulação, envase e ensaios de controle de qualidade para garantir um produto estéril devem ser levados em conta.
- SOLUÇÕES DE USO RESPIRATÓRIO: Ex: “bombas spray” de dilatadores bronquiais
São soluções que apresentam como característica o aumento da capacidade de entrada de ar nos pulmões. Sua manipulação é simples, como qualquer solução. Sua principal diferença esta no material de embalagem que tem uma capacidade de provocar uma “nebulização” no momento do acionamento da válvula de descarga do liquido.
- COLUTÓRIOS:
Soluções de aplicação tópica na cavidade oral ou nas porções superiores da faringe. São geralmente compostas por princípios ativos com características antissépticas, utilizadas para
bochechos, gargarejos ou tratamento de afecções bucais tais como aftas. (recomenda-se não serem deglutidas)
-XAROPES:
São preparações liquidas aquosas, viscosas (com grande quantidade de açúcar), podendo conter um ou mais P.A. além de coadjuvantes (flavorizantes, corantes, edulcorantes). São F.F. estáveis, pois tem uma alta hipertonicidade devido a quantidade de açúcar presente, impedindo o crescimento bacteriano. Comumente, quando se fala em xarope, pensamos imediatamente em um produto contra a tosse. Na maioria das vezes estamos corretos, mas existem outros medicamentos, tais como antibióticos e anti-inflamatórios, por exemplo, que utilizam xaropes como corretores de sabor.
Os xaropes classificam-se em simples e medicamentosos.
a- Xaropes simples: resultam da dissolução de sacarose em água destilada ou purificada. Servem como base para produção de xaropes compostos e entram como excipiente para complemento de fórmula ou como corretivos de sabor agindo como edulcorantes.
Observação: Formula básica de Xarope Simples = 850g açúcar / 1000 ml de solução
Formula base de xarope para diabéticos:
Goma adraganta 1,5 g
Glicerina 6,0 g
Sacarina sódica 0,1 g
Metilparabeno 0,1 g
Água q.s.p. 100,0 mL
b- Xaropes medicamentosos: resultam da inclusão de uma ou mais substâncias medicamentosas.
Exemplo: Xarope de codeína (antitussígeno)
Fosfato de codeína 3 g
Água destilada 10 mL
Xarope simples q.s.p. 1.000 mL
Observações práticas:
- Na fabricação de xarope de vitaminas, deve-se utilizar sorbitol ao invés de sacarose devido as reações de oxidação que podem surgir;
- Verificar sempre antes de administrar se o paciente não é diabético;
A glicerina aumenta a viscosidade da mistura e é bom conservante para o produto;
- Se necessário, acrescentar um tensoativo, como o polissorbato ( ou tween) 80, porem neste caso não utilizar Nipagin pois existe incompatibilidade entre os dois.
ELIXIRES E TINTURAS:
São fármacos dissolvidos em álcool e água, agradáveis ao paladar. O álcool melhora a estabilidade do P.A.
Observação: a) Elixir é uma preparação farmacêutica líquida hidro alcoólica, açucarada ou glicerinada, destinada ao uso oral e contendo substâncias aromáticas e medicamentosas. Deve conter, no mínimo, 20% de álcool e, quando açucarada, no mínimo 20% de açúcar.
b) Tintura é o resultado de uma extração hidro alcoólica de princípios ativos de uma planta através de um dos métodos conhecidos, a saber:
1- Maceração: consiste em se colocar um vegetal em contato com um liquido extrator hidro alcoólico, com concentração de 30, 50 ou 70%, por um período que varia de acordo com as partes da planta que estamos extraindo, de 24 horas a 7 dias;
2- Percolação: processo que consiste em se fazer primeiro a maceração da planta, em seguida procede-se ao gotejamento desse liquido, em uma velocidade de 10 a 20 gotas por minuto, e simultaneamente adiciona-se o mesmo volume do liquido extrator utilizando um equipamento denominado percolador. Recolhe-se o liquido percolado até que não se note mais cor de extração no líquido que sai.
EMULSÕES:
São preparações obtidas pela dispersão de duas fases liquidas imiscíveis ou praticamente imiscíveis ( água e óleo), com a utilização de um agente emulsificante (tensoativo), que quebra a tensão superficial entre os líquidos produzindo a emulsão. Temos dois tipos de emulsão conhecidos conforme a orientação da mistura entre hidrofilia (compatibilidade com a água) e lipofilia (compatibilidade com o óleo):
1- Sistema O/A – onde a fase dispersa é o óleo (óleo em água). São utilizadas para administração de medicamentos por via oral
2- Sistema A/O – onde a fase dispersa é a água (água em óleo). São empregadas apenas para uso externo.
Teoria da emulsificação:
A emulsificação e a estabilização de uma mistura de líquidos extemporaneamente imiscíveis, depende de muitos fatores tais como:
- Agentes emulgentes, sua hidrofilia ou lipofilia;
- Tamanho e distribuição das partículas dispersas;
- Relação entre o volume das duas fases, a dispersa e a dispersante;
Quando dois líquidos imiscíveis, por exemplo, óleo e água, são agitados juntos, um deles se dispersa temporariamente no outro, separando-se em curto prazo de tempo.
Este processo de separação se dá porque as forças moleculares de coesão de cada liquido, são superiores as forças de adesão existentes entre eles.
Assim, quando dispersamos um liquido em outro não miscível, aumentamos consideravelmente a área superficial do mesmo, e em consequência disso, obtemos um sistema com energia superficial muito elevada.
A aumento da área superficial e o acréscimo da energia são o bastante para fazer com que o sistema seja instável e as gotículas dispersas apresentem uma tendência a se unirem novamente. Esta tendência de união denomina-se COALESCENCIA.
Portanto, para obtermos uma emulsão estável, precisamos necessariamente o uso de substancias emulsificantes.
Estes agem de 4 formas distintas:
1- Teoria das viscosidades: Explica a estabilização das emulsões através de um agente que aumente a viscosidade do sistema, constituindo um obstáculo mecânico à coalescência;
2- Teoria da hidratação: Proposta por Fischer, esta teoria diz que só se obtém uma emulsão estável quando o liquido que serve como estabilizador ou emulsionador, é um composto hidratado. Esta teoria apresenta um aspecto verdadeiro, pois se consegue boa estabilidade de emulsões O/ A mediante emprego de emulsificantes hidratados.
3- Teoria da tensão interfacial: Os agentes emulgentes reduzem a tensão superficial existente entre os dois líquidos imiscíveis, favorecendo a emulsificação;
4- Teoria da película absorvida: Neste caso, os agentes emulsificantes, em virtude de suas características químicas, envolvem as gotículas com uma película multimolecular que evita o fenômeno da coalescência.
Principais agentes emulsificadores:
a- Emulgentes naturais:
- gema de ovo
- leite de amêndoas
b- Agentes tensoativos;
- goma arábica
- pectina
- gelatina
- agar-agar
- metilcelulose
- Álcoois (cetílico, etílico, estearílico)
- Polietilenoglicóis
- Laurilsulfato de sódio
Principais requisitos de um bom emulsificante:
- Reduzir a tensão superficial de maneira eficaz;
- Ser melhor solúvel na fase externa do que na interna, de modo que a absorção possa formar a membrana elástica em torno das gotículas dispersas;
- Dar à emulsão uma viscosidade adequada;
- Emulsionar pelo menos 4 partes de um liquido por unidade de emulsificante.
Exemplo: Emulsão de Benzoato de benzila a 30% (Acaricida)
Uso tópico
Benzoato de benzila 30 g
Trietanolamina 0,6 g
Ácido esteárico 2 g
Água q.s.p. 100 mL
SUSPENSÕES:
Dispersão de partículas solidas do fármaco em um liquido aquoso no qual ele é insolúvel. São extemporâneas, ou seja, preparadas para uso imediato. Normalmente no comercio, encontramos esta F.F. com instruções na bula da forma de preparo antes do uso do medicamento.
Ex: - Suspensão de Amoxicilina (AMOXIL) para via oral;
- Suspensão de Penicilina Benzatina (BENZETACIL) para via intramuscular
Uma boa suspensão deve possuir determinadas qualidades, a saber:
- Os medicamentos insolúveis devem ser constituídos por partículas de dimensões uniformes e reduzidas, de modo a não sedimentarem rapidamente, permitindo uma satisfatória uniformidade na dose;
- As partículas que se depositam no fundo do recipiente não devem aglutinar-se formando um bloco consistente, para que voltem a ressuspender por agitação simples;
- A preparação não deve ser excessivamente viscosa, para que possa ser retirada com facilidade pela boca do frasco que a contem;
Deve possuir sabor e odor agradável, quando destinadas a via oral.
Principais agentes suspensores:
- goma arábica
- goma adraganta
- bentonita
- metilcelulose
- alginato de sódio
- carboximetilcelulose
- spans
- tweens
Propriedades de um bom agente suspensor:
- deve ser atóxico e isento de propriedades terapêuticas;
- deve ser compatível com as substancias medicamentosas;
- deve ser eficaz em pequenas quantidades;
- deve fornecer suspensões estáveis por um período relativamente longo, isto é, deve reduzir a aglomeração das partículas dispersas e aumentar o tempo de sedimentação;
- deve evitar a formação de blocos consistentes entre as partículas, favorecendo a re-suspensão de forma homogênea por leve agitação.
Vantagens no uso:
- principio ativo insolúvel nos veículos utilizados;
- podemos melhorar o sabor e o odor;
- maior estabilidade (podemos fazer a colocação do liquido suspensor no momento do uso);
- retarda a absorção de injetáveis.
Exemplo :
Suspensão de enxofre (uso externo)
Aplicação: pele e cabelo para regular glândulas sebaceas
Enxofre precipitado 5 g
Glicerina 5 g
Polissorbato 80 10 gotas
Solução alcoolica de canfora 10 g
Polietilenoglicol 20 g
Água destilada 60 mL
8.3 – FORMAS SEMI-SOLIDAS
Destinadas à aplicação sobre a pele e mucosas visando ação local ou penetração cutânea
POMADAS, CREMES, GÉIS E PASTAS:
São constituídas de base monofásica na qual são dispersos os fármacos sólidos ou líquidos. São bases aquosas quando cremes ou pastas (quando mais espessos pela maior quantidade de sólidos em dispersão) e base oleosa quando pomadas.
POMADAS:
São F.F. de consistência mole, com ponto de fusão próximo ou superior a 37 ºC, destinados a ser estendidas sobre a pele ou mucosas.
Do ponto de vista farmacológico, pedem se classificar em:
1- Pomadas de ação superficial: Podem atuar como protetoras de epiderme, frente a agentes externos. Agem como protetoras da ação da luz, preferentemente a base de vaselina. Podem atuar como adstringentes, ou como emolientes. Podem ainda agir como queratolíticos, destruindo capas córneas (contra calosidades).
2- Pomadas de ação penetrante: São aquelas cujos princípios ativos tem de penetrar na pele para exercer sua ação medicamentosa. A escolha do excipiente dependera fundamentalmente de que haja ou não continuidade da pele, na natureza do P.A. e da própria afecção que se deseja combater.
Quando se aplica sobre a pele integra, devemos usar substancias lipossolúveis.
3- Pomadas absorvíveis: São aquelas que atuam na profundidade, porem se diferenciam das anteriores pois seus P.A. passam para a circulação sanguínea ou linfática.
Características de um excipiente para pomadas:
- Organolépticas: consistência e viscosidade adequada ao tipo de pomada que se deseja preparar. Facilidade de lavagem e odor agradável;
- Físicas: capacidade de admissão, retenção ou cessão da água incorporada; reação neutra ou ligeiramente acida; capacidade de incorporação de medicamento lipo e hidrossolúvel e facilidade de cede-los no local da aplicação;
- Químicas: compatível com os medicamentos incorporados e boa estabilidade frente aos agentes externos;
- Farmacológicos: não deve modificar ou interferir na ação terapêutica que se procura; indiferença com respeito à pele, ou seja : nem irritante, nem desidratante.
Exemplo: Pomada de Hidrocortisona
Hidrocortisona 1 g
Lanolina 5 g
Laurilsulfato de sódio 1 g
Vaselina q.s.p. 30 g
f.s.a.
CREMES:
Forma farmacêutica semi-sólida que consiste de uma emulsão,formada por uma fase lipofílica e uma fase aquosa. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizado normalmente para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas.
São F.F. com excipientes emulsivos do tipo O/ A ou A/ O, para uso externo, que podem ou não conter P.A. .
Os cremes podem ser:
1- Emolientes:
GÉIS:
São constituídos de líquidos estruturados a partir de agentes gelificantes. Podem ser:
- Géis Hidrofóbicos ; parafina liquida gelificada com polietileno ou óleos gordurosos gelificados com sílica coloidal, sabões de alumínio ou zinco
- Géis Hidrofílicos: incorporação de agentes gelificantes (derivados de celulose, polímeros carboxivinilicos, etc) água, gliceriol ou propilenoglicos
- Orabase: base emoliente(pectina, gelatina e carboximetilcelulose sódica em base polietileno e óleo mineral)
Exemplo de formula de gel base
Carbopol 1 g
Nipagin 0,1 g
Água destilada 100 mL
8.4 – FORMAS FARMACEUTICAS DE LIBERAÇÃO PROGRAMADA
- Sistemas terapêuticos transdermicos (patches). Ex: colantes para liberação de nicotina
- Dispositivos intra-orais de liberação lenta. Ex: Adalat Oros, Antibióticos de uma dose diária
8.5- Produção de Produtos Estéreis
Introdução
O conceito de esterilidade refere-se a total ausência de formas viáveis capazes de reprodução. Com conhecimento atual estatístico há conhecimentos quanto à afirmação absoluta de esterilidade dos produtos.
Segundo as farmacopeias, a condição de esterilidade de um produto deve ser considerada com base no fato que o mesmo tenha sido processado em condições ótimas e que o resultado de uma amostra representativa, submetida ao teste, indique a ausência de micro-organismos viáveis.
A característica de esterilidade foi inicialmente requerida em produtos para uso parenteral. Mais recentemente, após inúmeros casos de infecções advindas de terapias oftálmicas e posterior constatação da má qualidade destes produtos quanto ao aspecto microbiano, foi exigido que estes também sejam estéreis.
2. Formas Farmacêuticas que são ou podem ser Estéreis:
→ Soluções (Colírios, por exemplo);
→ Suspensões;
→ Injetáveis em geral;
→ Emulsão;
→ Pomadas Oftálmicas.
3. Processos de obtenção de Produtos Estéreis
Diversos aspectos, quer no âmbito produtivo ou analítico, levam ao controle dos produtos estéreis tem início com a avaliação das matérias-primas, passa pelo processo, ambiente e equipamento, de forma a permitir que sejam asseguradas as condições de reduzido potencial de falha, que será então detectado num sistema analítico bem executado.
Neste momento, devem ser considerados os possíveis caminhos que conduzem a produtos estéreis. Estes são definidos em função da característica termolábil dos princípios ativos ou mesmo da embalagem primária, da estabilidade química, custos, disponibilidades de equipamentos e recursos na farmácia, etc.
Pode-se subdividir a produção dos estéreis em dois grupos:
→ 1ºGrupo: Manipulação asséptica (fluxo laminar)
→ 2ºGrupo: Submetidos a esterilização após envase (térmica, química ou irradiação).
A esterilização (completa destruição de todos os organismos vivos e seus esporos ou sua completa remoção da preparação) pode ser pelos processos de:
▪ Esterilização por vapor (autoclave);
▪ Esterilização por calor seco (estufa esterilizante);
▪ Esterilização por filtração (filtração esterilizante );
▪ Esterilização por gás (estufa de Oxido de Etileno);
▪ Esterilização por radiação ionizante
4. Solventes utilizados em Formas Farmacêuticas Estéreis
4.1. Água
Solvente usado com mais freqüência na preparação de injetáveis. Esta água é purificada por destilação ou por osmose reversa e deve satisfazer os padrões quanto a presença de sólidos totais de água para injeção (WFI- Water For Injection).
Geralmente são coletadas em recipientes livres de pirogênios e estéreis. Os recipientes geralmente são de vidro ou revestidos com vidro.
Tipos de água:
→ água estéril para injeção (esterilizada e acondicionada em recipientes de dose única que não superem 1 litro);
→ água bacteriostática para injeção (água estéril para injeção contendo um ou mais agentes antimicrobianos).
4.2. Veículos não aquosos
Os solventes imiscíveis com a água incluem os óleos fixos, isopropila e o benzoato de benzila.
Os solventes não aquosos mais freqüentemente utilizados são o polietilenoglicol e os óleos fixos.
5. Equipamentos utilizados na fabricação de produtos Estéreis
5.1. Estufa de Esterilização
Equipamento semelhante a uma estufa de secagem normal, montada com circulação de ar aquecido através de resistências elétricas, com capacidade de produzir calor acima de 121 ºC.
5.3. Autoclaves
Equipamento semelhante a uma “panela de pressão” que funciona com vapor de água sob pressão, o que aumenta sua temperatura até os 121º necessários para a esterilização , acima da temperatura de ebulição da água (100ºC) . O tempo necessário para esta esterilização é de aproximadamente 1 hora.
5.3. Fluxo Laminar
Equipamento que garante a ausência total de partículas em um espaço definido pela ação de fluxo de ar passando por um filtro absoluto (99,97% de eficiência de filtragem), em uma velocidade definida de 0,45m/ seg., suficiente para arrastar qualquer partícula indesejada do local de operação.
6. Preparação de Produtos Parenterais
Após a determinação da fórmula de um determinado produto parenteral, inclusive a seleção dos solventes ou veículos e adjuvantes adequados.
Na preparação de soluções parenterais, as matérias-primas necessárias são dissolvidas de acordo com as boas práticas de fabricação de água para injeção, para um dos solventes alternativos ou para uma combinação de solventes. A seguir as soluções são passadas por um filtro de tipo membrana até ficarem totalmente limpas. Depois da filtração, a solução é transferida, mais rápido possível, para os recipientes finais, sempre sob fluxo laminar.
O produto é então esterilizado, de preferência em autoclaves, e amostras do produto acabado são testadas quanto a esterilidade e pirogênios.
7. Controles na Produção Estéril
7.1. Ambientes
A adequação do ambiente produtivo deve, antes de tudo, ser avaliada pelo atendimento a classe planejada, de acordo com o número de partículas por volume de ar.
Em farmácias, este trabalho pode ser contratado com terceiros, pois o equipamento para este controle é caro e será pouco utilizado, o que não vale a pena.
7.2. Pessoal
As mais importantes características envolvendo operadores em uma área limpa são qualificação, treinamento e motivação. Ainda assim, alguns controles microbiológicos são desejáveis e outros inclusive imprescindíveis. Exemplificando, o controle periódico de higiene das mãos.
7.3. Controle de Acessos a área limpa
A excelência do controle ambiental seria fácil de atingir se não fosse a necessidade do pessoal e dos materiais se movimentarem de uma área para a outra. Deste modo, uma disposição cuidadosa desenhada para minimizar o tráfego, particularmente para dentro e para fora de áreas assépticas, é essencial.
A entrada do pessoal nas áreas assépticas só deve ser permitida depois de terem seguido procedimentos rígidos de assepsia.
7.4. Limpeza do equipamento
Todo o equipamento e a área de trabalho devem ser cuidadosamente limpos no final de dia do trabalho. Não deve restar nenhum resíduo contaminante do produto anterior. O teto, as paredes e outras superfícies devem ser limpas com uma freqüência adequada.
A limpeza deve ser feita com menos freqüência em uma área de fluxo laminar devido ao fluxo contínuo de ar limpo. Todo o equipamento de limpeza deve ser selecionado pela sua eficiência e ausência de tendência para gerar partículas e deve ser reservado para utilização apenas nas áreas limpas.
8. Materiais de Embalagem e acondicionamento
As embalagens para injetáveis, inclusive as tampas, não devem interagir fisicamente com a preparação, para não alterar sua potência ou eficácia. Se o recipiente for de vidro, deve ser claro, para permitir a inspeção de seu conteúdo.
As injeções são acondicionadas em recipientes de dose única ou de doses múltiplas.

Ampola – dose única


Ampola – dose única

Frasco- ampola dose múltipla
No processo de embalagem, deve ser garantida a segurança do injetável com controles de inspeção visual e minimizando qualquer risco de contaminação cruzada.
9. Principais testes realizados em produtos estéreis
9.1. Teste de Esterilidade
Teste realizado em preparações estéreis, com a finalidade de verificar a qualidade do processo esterilizante, empregado durante a fabricação de medicamentos estéreis, bem como manipulações assépticas, levando-se em consideração respectivamente o aspecto de probabilidades da esterilização e o risco da recontaminação.
9.2. Teste de Pirogênio
Quando procedemos a autoclavação de um produto injetável, se existe a presença de microorganismos no meio, os mesmos são destruídos, e as endotoxinas existentes nos mesmos se espalham pelo liquido. Estas substancias orgânicas estranhas ao liquido são chamadas de Pirogenios.
Pirogênios, portanto, são substâncias orgânicas produtoras de febre que decorrem de contaminação microbiana e são responsáveis por muitas das reações febris que ocorrem em pacientes após uma injeção.
O teste para pirogênio deve ser realizado em todos os casos para assegurar a ausência desses materiais produtores de febre.
O teste para pirogênio pode ser realizado in vivo e in vitro.
→ teste in vivo: realizado em coelhos e verifica após administração do líquido estéril a variação de temperatura do animal determina a presença de pirogênio.
→ teste in vitro: utiliza-se o LAL (amebócito de Limulus) para a presença de endotoxicinas bacterianas, pois verificou-se que o extrato das células sangüíneas de um crustáceo contém um sistema de proteínas e enzimas que coagulam na presença de baixos níveis de endotoxicinas bacterianas.
9.3. Simulação do Processo para Produtos Assepticamente Envasados “Media Fill”
O Media Fill é um teste aplicado em sistemas ou equipamentos de envase estéril que estão sob avaliação, visando proporcionar o maior desafio ao processo. Se, sob tais circunstâncias forem obtidos resultados satisfatórios, pode existir um elevado nível de confiabilidade no sistema sob condições normais. Mecanismos de conduzir a situações de pior caso incluem:
→ emprego de materiais e componentes que tenham permanecido na área de processamento asséptico por períodos extensos;
→ aumentar o tempo de envase acima daquele necessário;
→ em uma determinada linha, envasar as menores unidades a velocidade maior (dificuldade de manuseio) e as maiores unidades a uma velocidade menor (maximizando a exposição);
→ empregar na simulação do produto do processo um meio com capacidade promotora de crescimento, ao invés de uma formulação inibitória e com conservantes.
A condução dos testes de simulação do processo para produtos assepticamente envasados abrangem do ponto de esterilização do ponto de esterilização até o término do enchimento.
9. INCOMPATIBILIDADES MEDICAMENTOSAS
Toda substancia medicinal que reunida a outra ou outras, possa provocar a formação de novos corpos com propriedades físico-químicas diversas, efeitos antagônicos aos previstos ou modificações físicas imprevista, diz-se INCOMPATIVEL. (Vergílio Lucas, pag. 18)
Muitas classificações são propostas para as Incompatibilidades Medicamentosas, todas com desejo de agrupa-las e facilitar o seu estudo. A classificação mais aceita no entanto, parece ser aquela que agrupa as incompatibilidades em : físicas, químicas, fisiológicas ou farmacodinâmicas e incompatibilidades de F.F. .
A- Incompatibilidades de ordem física:
Caracterizam-se por modificações apenas no estado dos corpos quando associados, sem mudar a natureza química e farmacodinâmica dos mesmos.
Manifestam-se através de diferentes fenômenos, tais como:
1- Imiscibilidade: Um certo numero de substancias liquidas são imiscíveis entre si, devido a diferenças de densidade, constituindo portanto uma incompatibilidade física. É o caso da água de do óleo, cuja imiscibilidade pode ser corrigida através da emulsificação, e com o auxilio de agentes emulsificantes.
Outras substancias não fornecem misturas homogêneas por maior que seja o tempo de agitação. Este tipo de incompatibilidade é frequentemente encontrado em preparação de linimentos (Linimento é uma preparação farmacêutica líquida ou semi-líquida, que contém em sua composição insumos ativos dissolvidos em óleos, soluções hidroalcoólicas ou emulsões. Nestes casos, o insumo inerte pode ser óleos, bases emulsionáveis não tóxicas ou solução hidroalcoólica).
Exemplo:
Extrato de beladona 2 g
Extrato de òpio 2 g
Glicerina 10 g
Óleo de Amendoa Doce 100 g
A glicerina dissolve os extratos e o liquido resultante dificilmente se mistura ao óleo mesmo com agitação prolongada.
2- Insolubilidade: Certas sobstancias sâo insoluveis em determinados veiculos (solventes).
Algumas incompatibilidades deste tipo são incorrigiveis, obrigando mesmo a uma mudança na F.F. de apresentação. Outras são controlaveis, bastando em muitos casos apenas a substituição do solvente. Em alguns casos, a troca da substancia ativa por outra soluvel, de propriedades farmacodinamicas identicas pode resolver o problema. Por exemplo, substituindo-se um sal por uma base.
Exemplo:
Sulfato de Atropina 0,01 g
Óleo de oliva neutro 5 mL
O sulfato de atropina (sal) é completamente insoluvel em óleo, mas esta incompastibilidade pode ser corrigida substituindo o sal pela atropina base.
3- Higroscopicidade: Exemplos desta incompatibilidade dizem respeito a conservação da F.F. .
Certas substancias em contato com a umidade do ar, absorvem rapidamente a água, tornando-se pastosas e as vezes se liquefazem por completo. Alguns exemplos destas substancias são: Brometo e Iodeto de potassio, cloreto de calcio, glicerofosfato de calcio.
4- Mudança de consistencia: A mistura de certas substancias sólidas podem levar a uma mudança de consistencia, resultando uma substancia muito compacta, pastosa ou mesmo liquida. Como exemplo temos uma mistura de fosfato de sodio com citrato monossodico, liquefaz-se. No entanto, tal mistura pode ser recuperada adicionando-se citrato trissodico.
B- Incompatibilidades de ordem química:
Saõ as mais frequentes, e também as mais importantes devido a natureza dos fenomenos provocados. Caracterizam-se pela transformação parcial ou total dos corpos, dando como resultado a formação de compostos secundarios, com novas propriedades farmacodinamicas.
Assim, encontramos incompatibilidades causadas por reações :
1- Oxidação: Reações de substancias oxidantes com corpos oxidaveis são muito comuns.
Entre as substancias oxidantes temos: colro, bromo, iodo, peroxidos, ácido nitroso, ácido cromico, bicromatos, cloratos, manganatos;
Entre as oxidaveis , temos: enxofre, fosforo, ácido iodidrico, ácido sulfurico, arsenotos, sulfitos, sais ferrosos e mercurosos. O maior numero de substancias oxidaveis estão entre os compostos organicos, tais como: álcoois, fenois, açucare3s, compostos nitrogenados.
Incompatibilidades devido às reações de oxidação:
- O ácido nitrico pode provocar explosões quando misturado com glicerina.
- O iodo oxida os sulfitos, hipofosfitos, os sais mercurosos, e as essencias.
- Os peroxidos, transformam os sulfitos e hipofodfitos em sulfatos e fosfatos, por oxidação.
2- Redução: As reações de redução, podem ser exemplificadas com as reduções sofridas pelos sais de prata e de mercurio.
Os sais de prata, na presença de cloretos alcalinos se decompõe e cloreto de prata é formado rapidamente pela ação da luz.
3- Reações de substituição: As incompatibilidades provocadas por reações de substituição .
Por exemplo, a tintura de iodo é incompativel com a água de louro cereja, provocando a formação de ácido cianidrico, altamente toxico.
4- Reações de dupla decomposição:
Podem ser:
a- Ação de um metal sobre um sal: Um metal decompõe um sal, quando este metal for mais oxidável que a base que constitue o sal. Este tipo de reação é muito raro em farmácia, podendo aparecer em certas preparações a base de bicloreto de mercurio e ferro. Neste caso o ferro reduz o bicloreto de mercurio, colocando o mercúrio em liberdade.
b- Ação de um áciso sobre um sal: Um sal é decomposto por um ácido, quando este for mais fixo, mais solúvel, e menos volatil do que o ácido . Assim, por exemplo, o ácido sulfúrico decomporá clorets, nitratos e acetatos, cujos ácidos são mais voláteis do que ele.
Por exemplo, a f
ormula de colutorio :
Borato de sódio Glicerina
Bicarbonato de sódio
A mistura da glicerina com o borato de sódio, resulta num líquido ácido, que decompõe o bicarbonato de sódio, liberando CO2.
c- Ação de uma base sobre um sal: Um grupo muito grande de compostos possuem reação alcalina, podendo em muitos casos provocar alterações com esta associação em um medicamento. A formula seguinte constitue um exemplo desta incompatibilidade:
Hidrato de cloral 4 g
Borato de sódio 10 g
Água destilada 100 mL
O borato de sódio em água, apresenta reação alcalina, e decompõe o hidrato de cloral, formando clorofórmio. Podemos corrigir esta formula com adição de glicerina, que em reação com borato de sódio produz reação acida, impedindo a decomposição do hidrato de cloral.
d- Precipitação de alcalóides em presença de taninos: O tanino forma com os alcaloides, com excessão da morfina, compostos (tanatos) insolúveis.
e- Exemplo:
Cafeina 1 g
Benzoato de sodio 1 g
Xarope de ratania 60 mL
O tanino do xarope de ratania precipita a cafeina sob forma de tanato insolúvel
C- Incompatibilidades de ordem fisiológica ou farmacodinâmica:
Manifestam-se quando um dos seguintes fatores ocorre:
1- Destruição do medicamento pelos ácidos orgânicos (sucos digestivos):
Certas substancias podem ser destruídas ou inativadas pelos sucos digestivos constituindo este fato uma incompatibilidade fisiológica.
A pancreatina, administrada sob forma de comprimido ou pó, é inativada pelo suco gástrico. Sua administração deve ser feita sob forma de comprimido com revestimento entérico.
A insulina e uma serie de hormônios não podem ser administrados por via digestiva, pois serão destruídos pelos fermentos proteolíticos. A via de administração escolhida deve ser a hipodérmica.
2- Reações químicas no interior do organismo entre substancias administradas simultaneamente- Antidotismo: Reação que se manifesta quando duas drogas são administradas simultaneamente e reagem quimicamente no interior do organismo anulando seus efeitos por destruição ou formação de novo composto.
Exemplo disso ja descrito anteriormente é a administração de um alcaloide juntamente com droga que possua tanino em sua composição.
3- Reação Antagonista: è diferente da anterior, pois não causa destruição da droga ou formação de novos componentes. No antagonismo, a ação de uma substancia é diminuida ou anulada por outra de ação contraria.
Um exemplo de antagonismo fisiológico é o que se dá entre a Adrenalina e a Insulina sob o ponto de vista do nivel glicemico: A insulina abaixa a taxa de glicemia, ao passo que a Adrenalina eleva essa taxa
CORREÇÃO DE INCOMPATIBILIDADES
Em geral,as incompatibilidades podem ser corrigidas por um dos metodos seguints:
a- Troca ou modificação do dissolvente:
Muitas incompatibilidades que apresentam as formulas liquidas, ou são devidas à mistura de uma solução em outra, ou de uma tintura a outra, ou de um extrato a outro.
Nestes caso, em geral aparecem precipitação por serem insolúveis alguns dos componentes da mistura de líquidos formada. A adição ou diminuição da quantidade de álcool ou de um dos solventes empregados, a adição de glicerina, o emprego de uma quantidade de xarope, são praticas admitidas na elaboração de uma formula, que muitas vezes permitem a solubilização de maneira que a formula tenha boa apresentação e cumpra a ação terapêutica desejada.
b- Substituição de um produto por outro de propriedades terapêuticas idênticas:
Em muitas ocasiões, uma substancia insolúvel em um veiculo pode ser substituída por outra de propriedades terapêuticas idênticas corrigindo assim a incompatibilidade.
Exemplo: O sulfato de atropina é insolúvel no óleo de oliva. Podemos contornar esta incompatibilidade substituindo o sal de atropina pela base, perfeitamente solúvel no óleo de oliva.
c- Adição de um produto que, sem modificar as propriedades terapêuticas da formula, corrija a incompatibilidade: É mais ut6il para corrigir incompatibilidades de ordem física. Assim, uma pequena quantidade de uma determinada substancia pode fazer com que solubilize um produto insolúvel.
Exemplo:
- A glicerina como solubilizante do timol na água;
- O iodeto de potássio como solubilizante do iodo na água;
- A canfora pouco solúvel na água, solubiliza-se pela adição de benzoato ou salicilato de sódio.
d- Utilização de técnica especial para obtenção da formula evitando desta forma a incompatibilidade: As variações da forma do granulo dos pós para facilitar a compressão. A adição de um dos líquidos componentes da formula em doses pequenas, sob agitação, para obtermos uma emulsão. A adição de parafina ou cera em uma formula de supositorio ou pomada para atingirmos a consistencia desejada, entre outras, são alterações permitidas na técnica farmacotécnica para corrigirmos incompatibilidades.
e- Supressão de um dos produtos que entram na fórmula e ao qual se deve a incompatibilidade, desde 10, que as propriedades terapêuticas sejam mantidas.